Eu passei a vida, até o momento, ouvindo que, para qualquer problema que surgir, nós brasileiros damos um jeito.
Seja pelo esforço, pela sorte, pela sagacidade ou até na malandragem, coisa que sempre senti que o brasileiro se vangloria, nós damos um jeitinho de resolver.
Pois é, a meu ver esse tempo passou. A pandemia causada pelo COVID-19 escancarou, ou irá fazer isso, dentro de poucos dias, que o jeitinho brasileiro, na maioria das vezes está relacionado a fazer as coisas de qualquer jeito durante um tempo, até que algo precise realmente ser feito, e, daí vem o jeitinho.
Corporativamente falando, vejo empresas e empresários dando pouca ou, por vezes, nenhuma atenção a seu caixa, quando está em condições de pagar suas contas mas quando não tem dinheiro, recorrem desesperadamente a créditos mau concedidos que, a longo prazo irão prejudicar fortemente suas finanças. Na prática, ao invés de corrigir diária e sistematicamente os problemas que causam a falta de recursos, eles buscam formas paliativas de resolver o problema que voltam, rapidamente, a sangrar suas finanças.
Outra coisa que acontece com muita frequência é a relação desgastada e perniciosa com clientes que não são rentáveis para a empresa. Comumente, as empresas não analisam o resultado por cliente e quando o fazem, se recusam a aceitar que algo precisa ser feito, mantendo a relação deficitária e prejudicando seus resultados.
As não-conformidades em processos e rotinas são outro ponto extremamente mal cuidados. Conheço um razoável número de empresas que possuem o certificado ISO, que é, muitas vezes bastante oneroso e trabalhoso conseguir mas que, no dia a dia, as práticas desta certificação são relegadas a segundo plano. Mais recursos financeiros, de processos e pessoas desperdiçados.
Essas condutas são frequentes por haver a consciência de que daremos um jeito. Se esse meu raciocínio faz sentido, é fácil interpretar que, por consequência, o jeitinho brasileiro é o remédio que tira a dor, porém não cura a doença e, em algumas vezes ele causa danos maiores como efeitos colaterais.
Eu tenho uma frase que escrevi há alguns anos que diz: Se o atalho fosse sempre a melhor escolha, ele se chamaria caminho. Pense nisso.
Será que não tens usado demais o jeitinho para trilhar seus caminhos e ele, como atalho que é, pode estar te levando para onde você jamais escolheria ir?
Grande abraço.
Alex Ferreira.